Um fenômeno do humor potiguar chamado “Dona Irene”


Postado por Clistenes | 25/12/2020

A brincadeira que transformou uma auxiliar de serviços gerais numa das personagens mais amadas e vistas não apenas no RN, mas em todo o Brasil

Se você ouvir alguém chamar por Maria Irani, certamente, não saberá de quem se trata, mas provavelmente você já conheça a “Dona Irene”, a personagem criada por seu filho Kerginaldo Bezerra, “Keké”, de forma inesperada, isso porque o então estudante de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e um amigo dele decidiram gravar vídeos de humor em um celular para divulgar suas brincadeiras e Dona Irene sempre acaba aparecendo de forma inesperada nos vídeos, atrapalhando as filmagens com sua maneira espontânea de agir. Dona Irene, até então, era uma pessoa anônima, uma trabalhadora de serviços gerais numa unidade hospitalar, mas quando os vídeos passaram a ser exibidos na TV Mossoró, ela passou a se destacar e virou a Dona Irene.

“A gente produzia os vídeos e mamãe sempre aparecia sem querer atrapalhando os vídeos. Um cunhado que trabalhava como cinegrafista na TV decidiu levar para mostrar à direção do programa, eles exibiram e as pessoas começaram a pedir para reprisar. Nesse período, ela foi diagnosticada com um problema de visão e ficou dois anos sem ver por um dos olhos. Ela, então, me disse: ‘Meu filho, já que vocês têm essa brincadeira na TV, deixe mamãe participar, para eu não entrar em depressão. E foi assim que ela começou a participar das gravações de forma efetiva. Ela não estava no projeto, mas aí passou a aparecer vez ou outra nas cenas, e as pessoas achavam engraçado o jeito que ela fala. Por ser analfabeta e muito espontânea, o vocabulário dela é único. Daí, tivemos a ideia de entrevistá-la e logo depois de criar o quadro ‘Aulas da Irene’. Isso acabou se transformando num grande sucesso e ganhamos um programa nessa TV, o ‘Keké Isso Na TV’”, destaca.

Na opinião do filho, o sucesso de Dona Irene se deu em consequência da espontaneidade dela e do seu carisma. “Eu costumo dizer que mamãe nunca procurou a fama; ela conseguiu isso por sua autenticidade, que conquista as pessoas. Ela faz um humor inocente, natural. Você olha para ela e tem vontade de levar para casa. Não falo isso porque ela é minha mãe, mas porque é evidente esse carisma”, acrescenta.

Ele conta ainda que o sucesso de Dona Irene mudou radicalmente a vida da família, principalmente no aspecto financeiro, garantindo mais conforto e qualidade de vida. “Financeiramente, o sucesso de mamãe revolucionou a nossa vida, principalmente quando ela se tornou garota-propaganda na Eletro Shopping. Foi a partir desse momento que começamos a perceber a importância e o valor do nosso trabalho, que dava para a gente se manter com isso. Até então, a gente era um grupo sonhador que queria fazer sucesso na TV, mas não tinham dimensão do que isso poderia nos trazer em termos financeiros. Mas isso foi bem assimilado, porque essa fama não subiu a cabeça, nem de mamãe e nem dos demais”, afirma.

A partir desse momento da explosão de sucesso, Keké diz que a carreira de Dona Irene e do grupo pode ser dividida em três fases: a inicial (na TV), depois o momento que ela se tornou garota-propaganda e a decisão de realizar shows de humor em diversas partes do país. “Depois desses três momentos, nós podemos dizer que estamos consolidando um trabalho, e agora vamos focar nossas atividades numa divulgação, mas forte na internet, onde tudo começou”, explica.

Vídeos de Dona Irene na internet têm mais de 20 milhões de acessos

Ele relembra que tudo começou com o espaço oferecido pela TV Mossoró, tendo em vista que a partir do programa exibido na TV local, eles passaram a ganhar espaço nas grandes emissoras nacionais da TV aberta, como Bandeirantes, SBT E Record. Isso fez que o grupo ganhasse um espaço na filial do SBT no RN e, logo depois, no vizinho estado do Ceará. “O que nos deixa muito orgulhosos e confiantes é saber que conseguimos fazer sucesso no Ceará, a ‘terra do humor’. Isso é muito importante”, destaca.

Com mais de 800 mil seguidores no Instagram, 1,7 milhão no YouTube e uma página no Facebook com 1,3 milhão, com vídeos que já atingiram 20 milhões de acessos, Dona Irene chegou a recusar a proposta de um contrato com a produção do programa de Ana Hickmann, já que a produção queria apenas a participação dela. “Eu disse: ‘Mãe, a decisão é da senhora, porque a proposta foi feita para a senhora’, mas ela não quis assinar. Mas, o que mais me chamou a atenção foi a resposta dela, ao dizer: ‘Um cantor só vai aonde sua banda vai. Se não for para ir todo mundo, então não vou.’ Mesmo diante dessa recusa dela, a carreira continuou e ela continua fazendo sucesso”, relembra. 

Quanto aos projetos que estão sendo desenvolvidos para que Dona Irene possa manter uma carreira longa, mesmo tendo obtido sucesso aos 60, ele citou o fortalecimento da casa de Dona Irene, que sempre foi a internet. Já que o sucesso veio com a viralização dos vídeos postados na internet, mas sem deixar de lado outros projetos, citando como exemplo o filme “Lucicreide vai para Marte”, em que ela participa ao lado de Fabiana Karla como sogra da atriz global, ele disse que o filme deveria ter estreado no primeiro semestre, mas foi adiado em consequência da pandemia do coronavírus. Além disso, eles continuam realizando shows, apresentações em canais de TV e os comerciais. “Estamos focando com maior intensidade na internet. Pela idade dela, queremos evitar qualquer tipo de problema de saúde, tendo em vista que já chegamos a realizar 34 shows em um mês. Queremos, sim, que ela mantenha o sucesso, mas, antes de tudo, a saúde dela”, finaliza.

A empatia de Dona Irene percorre o Brasil e o mundo

Em 2011, as Aulas da Irene se tornaram um fenômeno no Rio Grande do Norte e passaram a ser um quadro dentro de um programa da televisão local. Dona Irene, seu filho Kerginaldo (Keké) e o amigo Jedson continuaram reproduzindo vários vídeos inéditos na internet e, na TV, bateram a Rede Globo local em audiência. Na época, chamaram um reforço, a Dona Zuzu, uma figura que não gosta de usar dentadura, tem um talento especial para a música e sabe chorar melhor que muita atriz famosa. Rapidamente, o quadro virou um programa de TV com direito a novelinha própria, telejornal apresentado por Irene e Zuzu, entrevistas, entre outros quadros. Tudo sem abandonar o conceito do amadorismo. O simples, o tosco e o texto sem roteiro, que tomaram conta do humor em todo o país, principalmente através dos “stand up”, que denotam o toque especial vindo da internet para a TV.

Uma mudança de tempos, uma quebra de paradigmas. Dona Irene é o reflexo de um momento em que pessoas comuns passam a ter voz e, talvez em consequência disso, surge a grande identificação com o público. A empatia com o público fez que Dona Irene fosse entrevistada em programas como Agora é Tarde com Danilo Gentili, da Band, e Programa da Eliana, do SBT, Ana Hickmann, Ratinho, entre outros. Dona Irene também ficou reconhecida internacionalmente durante o revezamento da Tocha Olímpica em Mossoró, ocorrido no dia 6 de junho de 2016, quando ela aparece num vídeo tentando acender a tocha com uma vassoura, e foi classificada pelo Financial Times como um “momento bizarro, mas estranhamente poético”.

Fonte: Revista Acontece

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