Pedro de muitas denominações: Um devoto da Imaculada e um amigo do Padre – Por Victor Mendes


Postado por Clistenes | 26/12/2020

Pedro de Enoque, Pedro da Santa, Pedro do Padre, Pedro do Bar e Papai do Bar, era assim que ele era conhecido em Pau dos Ferros. Caridoso, extrovertido e muito comunitário, ajudava a todos que lhe procuravam: pessoas em busca de alimento para o corpo, mas também para a alma.

Filho de Enoque Elias, Pedro de Enoque foi o primeiro a secretariar as atividades de Padre Caminha (por isso, Pedro do Padre), bem como todas as ações (da liturgia à ornamentação) da Igreja Matriz de Nossa Senhora Imaculada Conceição. Durante as décadas de 60 e 70 ele caminhava e fazia orações com a imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição pelos bairros urbanos e pela zona rural da cidade (vem daí a denominação de Pedro da Santa).

Para complementar a renda familiar, ele abriu um bar-restaurante no centro da cidade, lugar onde ele cultivou muitas amizades e, sobretudo, o carinho de pessoas marginalizadas, pois ele não negava um prato de comida a quem não podia pagar. Por causa do bar, seus netos passaram a chamá-lo de “Papai do Bar”.

A casa dele era repleta de imagens de santos católicos e, em especial, havia uma que muito me chamava a atenção: a de Jesus na manjedoura. Certa vez eu lhe perguntei: “- Pedro, no Natal, a manjedoura de Jesus fica debaixo da árvore?” Ele me respondeu: “- Não, menino, fica numa oca”, questionei: “Oca?”, e ele: “- Sim, feito uma gruta, é a coisa mais linda. Eu sei fazer, fiz muitas vezes na igreja. A gente pegava o jornal, amassava para parecer uma pedra, pregava na parede formando uma gruta e depois pintava de cinza ou marrom. Ficava tão lindo, aí a gente colocava as outras imagens, os animais e enfeitava com pisca-pisca”.

Já no fim da vida, debilitado em virtude de doenças cardíacas e diabetes, ele ficava em casa e gostava de receber amigos, mas não deixava de ir à feira do sábado (à “Peda” como ele dizia), mesmo em sua cadeira de rodas, acompanhado de um cuidador.

O nosso último encontro ocorreu em uma das passagens da imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição pela Rua Hemetério Fernandes, onde ele residiu por toda a vida. No trajeto, estava programada a passagem da imagem pela casa dele. Como de costume, eu sempre estava por lá, então ele me pediu para coletar flores dos canteiros da rua, três pendões de samambaia e uma pequena folha de palmeira. Assim fiz! No retorno, ao entregar o que ele tinha pedido, pude observar ele fazer, lindamente, como quem faz bordado, um lindo buquê de flores para oferta à Nossa Senhora Imaculada Conceição.

Pedro de Enoque, assim eu o chamava, constitui memória pau-ferrense e é, sem dúvidas, uma das principais personagens folclóricas e culturais de Pau dos Ferros. Salve a memória de Pedro!

Texto: Victor Rafael do Nascimento Mendes.

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